Representante da RTP na co-produção que está a ser realizada com a TVBandeirantes, Virgílio Castelo conversou com a tvmais sobre o projecto. Marcámos encontro no Leblon, bairro carioca onde Virgílio mora com a família durante este período de trabalho no Brasil. Chegou bem-disposto, após uma lição de esgrima: “Esta é uma novela histórica de 160 episódios, que exige uma preparação especial. Baseia-se em três romances de Camilo Castelo Branco (‘Amor de Perdição’, ‘Os Mistérios de Lisboa’ e ‘O Livro Negro do Padre Dinis’), adaptados por Aimar Labaqui, que faz com que as histórias se cruzem de forma interessante”.
Virgílio já tinha recebido convites para actuar em novelas da TV Globo, mas por motivos vários nunca pôde aceitar. “Acabo por vir trabalhar para o Brasil, mas num esquema completamente diferente.
Vim não apenas como actor mas como representante da RTP junto da Bandeirantes. Essa função implica acompanhar todo o processo, incluindo texto, actores, figurinos, etc., até à direcção. A edição final de cada episódio não pode ir para o ar sem o meu aval”, explica. O trabalho começou em Março, quando se encontrou com o realizador Ignácio Coqueiro para preparar as gravações das primeiras cenas na Universidade de Coimbra, “que foram complicadas porque exigiam imensa figuração”, lembra.
Um olhar portuguêsContudo, a sua maior responsabilidade neste projecto “é dar-lhe um olhar mais português”, analisando os textos, mexendo nos diálogos e acompanhando a trama. “O olhar brasileiro não corresponde à nossa verdade, dou o exemplo recente da série ‘Os Maias’, que ficou completamente artificial. Não são olhares incompatíveis de maneira nenhuma, mas são diferentes e é preciso respeitar essa diferença”, afirma.
Nesse aspecto, esta parceria inédita entre a RTP e a Bandeirantes é pioneira: “Fala-se de intercâmbio quando nas novelas da Globo aparecem um ou dos actores portugueses. Mas, nesta novela, a história é feita com brasileiros e portugueses que vivem nos dois países, porque na época em que se passa eles circulavam constantemente de lá para cá. Isso facilita a integração das personagens. Por exemplo, o brasileiro Miguel Thiré, que faz um dos principais papéis, estuda em Coimbra e o melhor amigo dele é o Pedro Lamares. Ana Bustorff, portuguesa, é casada com Flávio Galvão”.
Em “Paixões Proibidas”, Virgílio interpreta um padre. “O Dinis decidiu seguir a carreira religiosa para expiar a culpa que sente pela morte da mulher. Mas é um homem que já teve uma vida familiar normal e, inclusive, tem dois filhos, interpretados por São José Correia e o Carlos Vieira”, adianta.
Ao referir os colegas, Virgílio comenta que esta produção “reúne uma equipa de grandes valores individuais, mas vai ser preciso criar uma dinâmica entre eles. O mercado brasileiro tem muitos actores com uma qualidade média-alta e mesmo os poucos conhecidos são bem preparados. Esta novela conta com um elenco de caras novas, mas também gente famosa que vem da Globo e da Record, como Felipe Camargo, Suzy Rêgo e António Grassi”.
Responsável pelo casting do elenco português da novela (que inclui ainda Leonor Seixas, Henrique Viana e Nuno Pardal), Virgílio também opinou sobre os participantes brasileiros. “Sendo esta uma novela ultra-romântica, precisava de actores com sensibilidade para as personagens, que fossem mais sensoriais do que analíticos.
Ambos os elencos são fisicamente belos, o que é importante para uma história deste tipo, embora politicamente incorrecto”, explica. Virgílio acredita no sucesso de “Paixões Proibidas”, que já estreou no Brasil e que poderemos ver na RTP já no início de 2007.
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